22 de setembro de 2011

9 - Iniciando na moeda

(Ivan Siqueira)


Nesse post pretendo pensar um pouco sobre os primeiros esforços que se fez para entender a moeda e sua função na economia, bem como sua relação com as variações nos preços.

A preocupação com isso, vem desde o Código de Hamurabi(séc. XVIII a.C.), depois vieram especulações dos gregos, Platão e Aristóteles(séc. V e IV a. C.) e já na Idade Média, por Nicolau Orésme, mas foi a partir de Jean Bodin(1569) que as relações entre preços e moeda começaram a tomar corpo. Veja que ele era um filósofo, não um economista, mas levantou a hipótese de que o acréscimo dos preços dos bens e serviços em vários países europeus resultava do ingresso de metais preciosos, que vinham das colônias espanholas da América. Aí estava a primeira idéia de que a moeda causa movimentos nos preços.

Em seguida, vários pensadores aderiram a esta idéia. John Locke, em 1691, trouxe uma colaboração nova, admitia que os preços variam na exata proporção da quantidade de moeda em circulação, o que significaria dizer que se a quantidade de moeda em circulação aumenta 30%, os preços aumentariam 30%. Hoje, dificilmente um teste econométrico confirmaria isso, mas Locke estava dando um passo muito importante, porque daí passou-se a pensar na neutralidade da moeda, ou seja, é possível que a moeda não tenha efeitos sobre a economia real, produto, emprego, etc, mas apenas sobre os preços. A coisa começava a ficar muito legal!

Aí, surge uma outra colaboração, a de David Hume, filósofo também. Ele viveu à época de Adam Smith, e em 1752 botou mais lenha na fogueira, propondo que se investigasse a ordem da causação entre moeda e preços, ou seja, quem causa quem? Ele diz que é a moeda que causa variação de preços, e não o contrário. Mas, ele deu uma outra contribuição, dizendo que deveria haver uma estreita relação entre quantidade de moeda e quantidade de bens no mercado, a estabilidade da economia deveria respeitar isso. Hume foi claro, sabia que no curto prazo a moeda não é neutra, ou seja, afeta sim a economia real, mas descobriu que a moeda não pode afetar para sempre, ad eternum, ou seja, a longo prazo, o produto, o emprego, a economia real. Outra de suas contribuições, é que ele alerta para uma defasagem entre variação da moeda e variações de preços, quer dizer, não é imediato, vem depois de um certo período. Isso, foi um avanço, porque é como se ele nos alertasse para pensar a economia dinamicamente. Isso é quente, veja que Milton Friedman, já nos nossos dias, embarcou na idéia de Hume do postulado da não neutralidade a longo prazo.

O assunto é extenso, e vamos seguir nele.

Ivan Siqueira

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