(Ivan Siqueira)
(antes leia o post 3)
Recebi um e-mail muito interessante de um internauta que não concorda com o que eu disse no meu post nº 3 - O que nos ameaça? O futuro. Mas o internauta não deseja que o comentário dele vá para o ar, apenas quis mostrar seu ponto de vista. Ok, mas vou comentar o conteúdo de sua dúvida.
Em primeiro lugar, ele me diz que o nome do livro de Malthus não é “Principles of Political Economy” como eu disse lá no meu post, mas sim, “Principles of Political Economy Considered With a View to Their Practical Application”. Bem, ele está absolutamente certo, é que eu não coloco o nome completo porque é extenso, e algumas vezes escrevo apenas “Principles”, se as pessoas acompanham esses assuntos, já sabem do trabalho a que estou me referindo. É apenas por esta razão. Veja o caso do livro de Adam Smith, “A Riqueza das Nações”, o nome original, todos sabem, é “An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of Nations”. Já pensou, escrever isso a toda hora! Mas, o colega está certo.
Mas, a dúvida dele é muito legítima, eu também já tive essa mesma dúvida. Ele questiona o fato de eu ter dito que o sistema keynesiano é na verdade malthusiano. Primeiramente, não sou eu que questiono, são muitos estudiosos, mas também não é bem assim, o que eu desejei dizer é que Malthus é um precursor de Keynes. Mas, eu sei que nem todo mundo concorda com isso. Em 1958 um economista chamado B.A.Corry escreveu para o The Economic Journal negando que Malthus seja precursor de Keynes, seu artigo se chama “Malthus and Keynes – a Reconsideration”. Cada um interpreta de um modo.
A questão mais importante é que Ricardo dominava o pensamento, digamos, “macroeconômico” da época(eu sei que a macroeconomia não tinha nascido ainda) e pensava coisas assim, “todo homem frugal é um benfeitor público”, Malthus via nisso um perigo, e dizia que “o princípio da poupança, se levado ao excesso, destruiria o motivo da produção”, e dizia ainda que “se a produção está excessivamente acima do consumo, o motivo para acumular e produzir deve cessar por causa da falta de vontade de consumir”.
Olhem só para isso, estava tudo ali, mas é escrito, é teoria econômica, vai depender de alguém ler isso e dar prosseguimento, foi o que Keynes fez, um século depois. Imagine esse livro de Malthus em uma estante, parado ali, empoeirado, sem ninguém para desejar entender se ali dentro tem algo que pode salvar a vida, a humanidade! Muitos o leram, mas não perceberam a grandiosidade desse cara e suas idéias, mas Keynes percebeu e construiu sua grandiosa obra. Para mim, Malthus é mais do que precursor de Keynes, é sócio! E, Keynes, o que pensava Keynes sobre a contribuição de Malthus? Keynes escreveu em seu “Essays in Biography”:
“Se apenas Malthus, em vez de Ricardo, tivesse sido a fonte de origem da Economia do século XIX, que lugar mais sábio e rico seria o mundo de hoje!”
Ivan Siqueira
22 de setembro de 2011
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