(Ivan Siqueira)
Hoje em dia há um imediatismo nas análises econômicas, que prejudicam demais a eficiência dessas análises, todo mundo tem um software que calcula tudo, mas raramente esse software “pensa” em coisas fundamentais, mas houve uma época em que os economistas se preocupavam mais com os fundamentos.
O que é que determina a magnitude de um variável macroeconômica? Por que é que o consumo global atinge determinado valor ao final de um período? Ou, outro exemplo, por que é que o PIB é tanto, e, não, outro tanto? Alguns economistas têm uma resposta firme e segura sobre isso: depende da distribuição da renda entre as várias classes da economia. E quem é que tem uma teoria da distribuição? David Ricardo tem.
Antes de Ricardo, a coisa era assim, Quesnay, fisiocrata, falava em classes de camponeses, proprietários de terra e artesãos. Adam Smith deu uma mexida nisso, e passou a falar em trabalhadores, capitalistas e proprietários de terras. Para Smith o consumo dos trabalhadores esgotava a renda deles, já os proprietários de terras não consumiam toda a sua renda, havia um excedente, e a classe de capitalistas tinha como função acumular esse excedente. Quero apenas destacar, que essa idéia de Smith de que a classe trabalhadora não poupa, foi retomada pelo economista polonês Michal Kalecki e faz parte do seu modelo de análise da dinâmica macroeconômica.
Voltando a fisiocracia. O que permite a produção é o trabalho, mas o trabalho não gera excedente para a classe de trabalhadores, mas gera para a classe de proprietários de terra, excedente esse que é utilizado pela classe dos capitalistas. Como fazer a produção crescer? Aumentando o excedente para que ele gere mais produção, mas para aumentar o excedente, a proposta era a de redução do salário, claro, sobraria mais para o empreendedor. Mas, Smith contestou, Smith achava que era com a divisão do trabalho, ela iria aumentar a produtividade do trabalho, que permitiria a geração do tão desejado excedente. Foi esse pensamento que Ricardo encontrou, e deve ter dito: “deixa comigo!”. Ele tinha uma tarefa, tinha que construir uma teoria do lucro, e ele fez isso, hoje em dia falamos em “teoria ricardiana do lucro”.
Em 1817 ele publicou seu livro “Principles of Political Economy and Taxation” onde apresenta sua análise.
Ivan Siqueira
23 de setembro de 2011
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