(Ivan Siqueira)
A conversa é velha, mas as atitudes não mudam. Todo mundo está cansado de saber que o dinheiro vale no tempo, mas ninguém o avalia assim, fica uma coisa apenas da boca pra fora. Mas em qualquer livrinho de matemática financeira tá lá o aviso: gente, o dinheiro vale no tempo! Mas o pior, é quando questões econômico-sociais são colocadas no mesmo plano.
Suponha dois países. O país A apresentou taxa de crescimento do PIB em dois anos consecutivos, de 2,5% e 6%, enquanto o país B cresceu nesses dois anos, a 6% e 2,5%. Sempre haverá alguém pra dizer: empatou! Nesse “empatou” a avaliação é de que ambos cresceram 8,65% nos dois anos (taxa acumulada), e ainda vai aparecer alguém pra falar em taxa média, vão dizer: “ a taxa média de crescimento dos dois países é de 4,24%: empatou.”
Basta que você veja alguém falar de taxa média de crescimento do PIB, não precisa nem estar comparando com nada, calculou taxa média, está cometendo um erro gigantesco, não existe taxa média quando se trata de recursos financeiros e monetários, taxa média pode ser calculada para crescimento de uma planta, do tamanho do Universo que está em expansão, da quantidade de chuva que cai na cidade de Londrina, do fluxo de carros que passam pela ponte Rio-Niterói, mas botou dinheiro no meio, pode esquecer taxa média, é um conceito absolutamente vazio e errado, e que não permite nenhuma conclusão.
Suponha que você aplique todos os seus recursos a uma rentabilidade de 12% ao ano, quer dizer, qualquer dinheiro que bata em sua mão, você tem aplicação para ele a 12% ao ano. Em finanças, costuma-se chamar essa taxa de taxa mínima atrativa. Você tem $1.000 para aplicar, e duas alternativas se apresentaram. Na alternativa A retorna $300 no ano 1 e $800 no ano 2. Na alternativa B, retornam $800 no ano 1 e $300 no ano 2. Em qual das alternativas você coloca seu dinheiro? Ninguém vai dizer empatou! É visível que a alternativa B é claramente superior, porque ao receber seus $800 no ano 1, você o aplica a 12% até o final do ano 2, enquanto que na alternativa A, o dinheiro que entrou primeiro foi apenas $300. Tudo tem que ser avaliado no tempo, não tem quem não saiba disso!
Visto de outro modo, a taxa de retorno do investimento B é superior ao do investimento A. Em finanças raramente alguém bobeia com isso, claro, dói no bolso, mas em macroeconomia ninguém liga para isso, e aí saímos calculando taxa média disso, taxa média daquilo. E eu pergunto, taxa média para enxergar o quê? Taxa média, isso não existe! O que temos que fazer é crescer o quanto antes, investir o quanto antes, consumir o quanto antes, todo valor no presente vale mais do que ele mesmo no futuro! Até o conceito de eficiência marginal de Keynes, já avisava disso, esse mesmo Keynes que hoje dizem ultrapassado. Têm que me provar essas coisas, e sem taxa média, por favor!
Ivan Siqueira
22 de setembro de 2011
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