(Ivan Siqueira)
Duas pessoas tentam entender a poupança e sua função na economia. São perguntas e respostas que se sucedem.
Quando é que aumenta a riqueza particular de uma pessoa? Quando ela passa a ter mais do que tinha no passado. E quando é que isso acontece? Quando ela poupa. Não existe nenhuma riqueza que não seja via poupança, ou a própria pessoa, ou alguém poupou e transferiu essa poupança para ela, tipo, herança, etc. Toda poupança é consumo que não foi realizado no passado. A poupança é a mãe da riqueza!
Mas o pai não é o investimento. O investimento é o que se pode fazer com a poupança, mas quem investe não está nem aí para quem poupa, as decisões de poupança e investimento são tomadas independentemente uma das outras, e por motivos diferentes. Quem investe não o faz pelo motivo riqueza, mas porque deseja aumentar a renda. Aí, alguém me diz, a renda não, o lucro! E eu lembro, o lucro é a renda. Quais são os componentes da renda? Salários, juros, aluguel e lucro. E de onde vem a renda? Vem da produção de bens de consumo e de bens de investimento, a poupança é apenas parte da renda que não foi consumida, foi investida.
O que determina o nível global de poupança? O nível global da renda. Mas, o que determina o nível global da renda? O nível global de investimento. Mas, o que determina o nível global de investimento? Por favor, não caia naquela história do ovo e da galinha!(risos). Fique tranqüilo, não vou cair! Os investimentos são realizados tendo a renda como meta, é o investimento que coloca a renda em um nível que permite a poupança ao mesmo nível do investimento.É um jogo de forças, quanto mais as pessoas desejarem poupar, tanto menor será o nível de renda correspondente a certa taxa de investimento, e menor o incremento de renda originado por determinado aumento da taxa de investimento. Então, você quer dizer que a vontade dos empresários de investir promove a poupança? Sim, entendeu perfeitamente.
Então, por que é que a gente nunca vê uma campanha na televisão, nos meios de comunicação, em prol da poupança? Por exemplo, “Faça poupança, porque o investimento é o que move o mundo!”, ou, então, algo assim, “Dia 5 próximo vamos todos dar as mãos em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, em louvor à poupança!”, por que não vemos isso?
É verdade, nunca se viu uma campanha dessas, e com toda razão. Não vemos isso porque o desejo de poupar não promove o investimento! Quando aumenta o desejo de poupar, ou seja, quando o montante poupado de uma mesma renda aumenta, a única coisa que acontece, é que as pessoas estão gastando menos de sua renda do que antes, então as atividades no setor consumo vão cair e as renda também, com essa queda da renda, o consumo vai cair ainda mais, e a renda cai junto. Quem promoveu isso? A infeliz da poupança. Mas, porque o deixar de consumir faz cair a renda e não apenas o consumo? Grande, garoto, isso é que é pergunta! É que o gasto de um é a renda de outro, e com renda reduzida, o gasto de um outro será menor, e a renda de outro menor ainda! Mas, quem causou essa balbúrdia na economia? Quem resolveu poupar. E como sair disso? Quando as pessoas deixarem de relutar em manter aquele aumento de poupança, e ela caindo se ajusta ao nível do investimento desejado pelos empresários. O que você quer dizer, que poupar pode ser a causa de um desequilíbrio macroeconômico? Eu, não, quem disse isso foi Keynes, um gênio, eu apenas estou conversando com você!
Ivan Siqueira
22 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário