(Ivan Siqueira)
Não existe um Prêmio Nobel de Economia dado pela fundação Nobel, o que existe é o Prêmio de Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel, instituído em 1968 pelo Sveriges Riksbank, o Banco Central da Suécia. Mas, tudo bem, para todos os efeitos é como se isso fosse o Nobel de Economia, embora não seja. Entre os laureados estão economistas de muito valor, Samuelson, Friedman, Lucas, mas o Prêmio teria muito mais credibilidade se fosse dado retroativamente a alguns economistas, como faz o Oscar no cinema. E, olha, que não precisaria ser dado pelo conjunto da obra, bastaria premiar algumas idéias geniais de economistas geniais.
O inglês William Stanley Jevons(1835-1882) é conhecido apenas porque desenvolveu a teoria da utilidade marginal, em trabalho independente de Carl Menger e Léon Walras, que também produziam esta teoria. Mas, Jevons tem idéias para a economia que revolucionariam a ciência hoje em dia, ele mereceria o Nobel.
É comum que grandes pensadores, assim como grandes artistas, só sejam descobertos longo tempo depois de seus trabalhos. O genial músico Johann Sebastian Bach, levou 100 anos na gaveta! Da mesma forma, a principal idéia de Malthus, o conceito de demanda efetiva, também, só seria aproveitado por Keynes 100 anos depois!
Um dos postulados de Jevons diz que o capital poderia ser medido não apenas em termos de quantidade, mas de tempo também. Em seu livro “The Theory Political of Economy”, ele diz:
Um ponto principal que precisa ser esclarecido neste assunto é a diferença entre montante do capital investido e o montante de investimento de capital. O primeiro é uma quantidade de uma única dimensão: a quantidade de capital; o segundo é uma quantidade de duas dimensões, quais sejam, a quantidade de capital e o período de tempo em que o capital permanece investido.
Segundo Jevons, um aumento do capital investido, seria o mesmo que o aumento do período de tempo em que o capital é empregado. Então, ele nos diz que o investimento efetivo é um conceito de área, onde existem as dimensões valor e tempo. Olhe só, isso, vamos economeditar sobre isso! Repare no que contém essa afirmativa! Vamos supor uma economia com elevado estoque de capital, mas uma grande crise paralisa a economia por 8 meses, mas nos restantes 4 meses ocorrem investimentos. É claro que o investimento bruto não será esse investimento novo, é preciso deduzir o desinvestimento econômico do capital parado por 8 meses! Entre outras coisas, significa dizer que investir não é só gastar em novas máquinas e equipamentos, novas construções, novas fábricas, investir é também usar mais as máquinas, as construções, as fábricas já existentes! E se a contabilidade nacional só computa o investimento novo e não deduz a ociosiodade do investimento antigo, desculpe dizer, o PIB está errado. Não foi Jevons que disse isso, sou eu que estou dizendo baseado em Jevons. Não se trata da depreciação, isso só muda o conceito bruto para líquido, trata-se da perda econômica do capital não utilizado, só depois de deduzido isso é que se pode acrescentar o novo investimento. Não, não pense em custo de oportunidade, é um outro conceito, é valor mesmo do capital ponderado pelo tempo.
Quais as implicações disto? É possível que toda a teoria macroeconômica do investimento esteja equivocada, conceitos como multiplicador, acelerador, e muitos outros, podem ser questionados, tudo leva a crer que sim. Até a teoria q do investimento, de James Tobin, seria afetada por esse pressuposto de Jevons, uma vez que o custo do capital das empresas não é o que se pensa dele, se não consideramos o valor do capital no tempo, a variável q pode não ser a que os modelos econométricos vêm demostrando.
Jevons escreveu sobre capital em 1871, mas quem quer saber de teoria, o mundo não tem tempo para isso! Se vocês aí da Suécia esqueceram, eu peço um Nobel para Jevons!
Ivan Siqueira
22 de setembro de 2011
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