(Ivan Siqueira)
Em economia nada é como parece ser, já me acostumei com isso. Quem são os problemas e os culpados pela crise do euro? Todo mundo vai dizer, tá na cara que são Grécia, Espanha e Itália. Mas, a coisa é outra, é o arrocho salarial que a Alemanha vem promovendo nos últimos anos, desejando jogar sua inflação para níveis próximos de zero, quando o combinado entre o bloco do euro era de uma inflação em torno de 2% ao ano. O resultado desse arrocho foi uma geração de renda abaixo da produtividade do trabalho e o sistema de moeda única serviu de artérias que contaminaram os outros países.
Se cada um desses países tivesse sua própria moeda, desvalorizaria a moeda para sair dos déficits comerciais externos, mas a sistemática da moeda única proibe desvalorização do euro, e o Banco Central Europeu não deseja que seu histórico de estatística seja, digamos, “maculado” com uma desvalorização do euro para ajudar a esses países. Conclusão, a Alemanha , como resultado do arrocho salarial programado, tem superávit na balança comercial, enquanto esses outros países tem déficit.
O que faz um país para resolver um problema de dívida? O banco central do país compra os títulos de sua dívida através da emissão de moeda. Claro, joga a inflação pra cima, mas se há desemprego essa inflação pode ser benéfica. Mas se o país não tem moeda própria, como é o caso dos países do bloco do Euro, quem pode fazer isso é o Banco Central Europeu, que não faz por uma única questão, não vai desejar ver seu histórico manchado por uma inflação, digamos, “indesejada”.
Só que, entre melindres, poses, e egos afetados, está um possível e desastroso colapso do euro, e a curto prazo. O que está acontecendo no momento é, exatamente o contrário, o BCE faz aperto monetário, quer inflação baixa e não se decide em comprar a dívida dos países em apuros, porque é dívida podre. Mas, o que vem pela frente, só Deus sabe, Deus e Trichet, o presidente do Banco Central Europeu.
Quando criaram a zona do Euro deveriam ter colocado uma cláusula, o país que causar o problema paga uma taxa aos afetados pelo problema, e nessa, a Alemanha quebrava!
Ivan Siqueira
24 de setembro de 2011
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