23 de setembro de 2011

20 - Escola clássica: isso existe?

(Ivan Siqueira)

Um dia desses recebi um e-mail de um visitante do meu blog, e ele me fez uma pergunta bem legal: por que é que eu não falo dos assuntos atuais da economia e dos economistas da atualidade, e ele citou o nome de vários economistas. A razão é que eu sempre me nego a entender uma coisa, sem antes entender a que lhe serve de base. Vou por passos evolutivos e agregativos, e no momento estou tentando entender a contribuição de alguns pensadores do período clássico e neoclássico, sem isso não dá pra chegar em lugar nenhum.

Mas, a qualquer momento, a coisa vai pegar fogo, porque pretendo comentar sobre as duas propostas mais avançadas em economia, a idéia da desestatização do dinheiro, tornar a moeda um produto que possa ser emitido pelo setor privado; e a idéia da economia participativa, a idéia de que se os salários variassem com os lucros não haveria problema econômico, nem desemprego, nem inflação. Mas, no momento não desejo abordar ainda essas questões, estou lá no passado, porque o que tem de coisa legal por lá, e eu vou perder?

Por exemplo, a chamada escola clássica, isso existe? São pensamentos tão diferenciados e tão díspares que nunca poderiam pertencer a uma mesma escola, mas como tudo na vida, alguém dá um nome, e todo mundo sai repetindo aquilo. O melhor a fazer é ver a contribuição de cada um, e entender como idéias genuínas vão se ramificando.

Terminada a escola fisiocrata, 3 economistas apresentam idéias, Adam Smith, David Ricardo e Thomas R. Malthus. Ricardo e Malthus eram amigos, Malthus nasceu 6 anos antes de Ricardo, e eles trocaram correspondência durante os anos de 1815 e 1823, analisando os escritos deles dois e de outros economistas, e nessas correspondências amigáveis, Malthus se torna o maior crítico que Ricardo já teve. Como dizia aquele personagem do Jô Soares: “Muy amigo!” Malthus é fera, mas Ricardo deu trabalho porque sua contribuição é a prova de crítica, sem falar que foi esse cara que inventou a construção de modelos, onde apenas os elementos relevantes e essenciais de uma análise devem ser objeto da análise. Cada vez que um economista usa o EViews ou mesmo o Excel deveria fazer uma prece por Ricardo!

Mas, o que esse economista fez de tão importante assim? E cabe ainda me perguntar, o que ele fez, alguém já tinha feito antes dele?
Ele simplesmente alertou ao mundo que era preciso entender a distribuição do produto entre as várias classes e agentes econômicos, ele disse, “determinar as leis que regem essa distribuição é o principal problema da Economia Política”. Por aí, a gente já pode ver quem iria pegar a rédea dessa carroça mais a frente, mas com críticas sobre o pensamento de Ricardo: sim, Karl Marx.

Mas, Marx está muito distante das minhas preocupações, ele vai surgir aqui no meu traçado quando muita água já tiver rolado, mas agora eu quero saber desse David Ricardo, ele que foi um corretor de títulos londrino, que se tornou membro do Parlamento, ele cujo pai era rico, ligado ao mercado financeiro e a Bolsa de Valores, ele que a partir de 14 anos já participava dos negócios do pai com corretagem na Bolsa, que teoria da distribuição ele tinha para nos oferecer? Vem aí pela frente...

Ivan Siqueira

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