23 de setembro de 2011

19 - O mercantilismo sabia das coisas

(Ivan Siqueira)

Uma coisa que aprendi bem cedo, é que em economia não dá pra perder nada, tudo deve ser aproveitado. E, que nunca devemos subestimar idéias, com coisas do tipo, "isso é coisa do passado!" No passado podem estar ensinamentos valiosos!

No meu post 14 - O xeque–mate de Adam Smith – eu estava pensando sobre a ruptura que se deu com a publicação do livro “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith, quando os princípios do mercantilismo foram questionados por Smith.

Acontece que existe um outro lado dessa história e que nem sempre vem a tona, fica submersa, e dificulta entender os dias de hoje, porque nossos dias não são muito diferentes daqueles dias. O fato é que a preocupação que Keynes teve 160 anos após Smith, com a demanda efetiva, já estava contida nas idéias dos mercantilistas, que, por sua vez, chegaram até Malthus. Então, cabe perguntar, será que Smith desviou a coisa do bom caminho que a coisa vinha tomando?

Mas, demanda efetiva nos mercantilistas? Você anda bebendo durante o trabalho, Ivan?
Os mercantilistas sabiam que um déficit no balanço comercial é prejudicial à produção, porque representa uma compressão da demanda efetiva, uma vez que importações são, na verdade, oferta sem contrapartida de demanda. Por outro lado, exportações são demanda sem contrapartida de oferta. Mas, se a situação é de déficit na balança comercial, os mercantilistas sacaram que a demanda efetiva estaria reprimida! Se a gente levar fé que a análise era essa, esses caras não estavam errado em supor que exportações trazendo ouro para a economia, aumentavam a oferta de moeda, que estabilizava a demanda efetiva. Por isso, a bíblia deles era, quanto mais metais preciosos, melhor! Isso seria como um arqueiro acertar na maçã!

Bem, essa análise não está clara nos escritos dos mercantilistas, mas tudo leva a crer que eles sentiam isso na pele. Se é verdade, não sei, mas parece que esses caras também ajudaram a revolução keynesiana! Olhe só o que disse James Stuart, um mercantilista, ele observou que os gastos governamentais, mesmo em “provisões de guerra” criariam emprego. Parece até que é Keynes falando!

O mercantilismo ficou no passado, mas veja o balanço de pagamentos em nossos dias, analise o que ocorreu historicamente com ele em nosso país, tem superávit, tem déficit, e em paralelo tem a economia como um todo mostrando ora desemprego, tem o período do chamado “milagre econômico”, dá pra ver os mercantilistas lá dentro disso tudo! Faça suas análises e me diga se não é fato!

Na história das idéias, tudo se aproveita, se um economista espirra, pergunte a ele: - Espirrou por quê?

Ivan Siqueira

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