As coisas mais simples da economia, não são tão simples! A
todo momento existe uma oferta de dinheiro na economia, e ao mesmo tempo uma
procura por dinheiro. Os economista preferem chamar o dinheiro de moeda, mas não apenas a moeda metálica, mas o dinheiro em
sua totalidade. Mas, o que é o dinheiro? Uma nota de papel? Moedas? Não,
dinheiro pode ser tudo o que cumpra três funções: ser um meio de troca, uma
unidade de conta e uma reserva de valor.
Assim, toda economia corre um risco, o de ver alguma coisa assumir esse
papel, e cumprir essas funções no lugar da moeda oficial, e se a moeda local
não cumpre esses papéis, uma outra moeda de fora pode passar a fazer isso!
No passado, havia a economia de
escambo, ou seja, de trocas, um cara tinha uma vaca que produzia leite, e esse
cara desejava tratar de dentes, tinha
que convencer ao dentista a aceitar litros de leite em troca de serviço
dentário! Pior seria o dentista desejar comprar um carro, teria que convencer
ao dono da concessionária a tratar de todos os seus dentes, da sua mulher e de
seus filhos! rs rs Era difícil um
sistema assim funcionar, aí, surgiram as mercadorias-moedas, uma mercadoria
única funcionava como moeda, tudo era pago, por exemplo, em sal. Mas para comprar um carro, o cara
deveria antes construir um galpão pra guardar a quantidade de sal, e como
transportar o sal? Foram várias as
mercadorias que serviram como moeda. Na
continuidade dos fatos, metais preciosos,
como o ouro e a prata, passaram a fazer
o papel de moeda, eram duráveis, divisíveis, difíceis de falsificar.. Até que
um dia alguém guardou ouro com alguém, e recebeu um certificado de papel que
comprovava que o ouro estava em posse do fulano, e esse certificado é a origem
das notas de dinheiro, dinheiro com lastro, mais tarde surgiu a moeda
fiduciária, dinheiro sem lastro.
Mas, quem deseja ficar com
dinheiro? Dinheiro não rende nada, se eu posso aplicar o dinheiro em títulos e
receber juros, qual o motivo que as pessoas têm para desejar ficar com
dinheiro, ou melhor , reter moeda? Segundo Keynes, são três motivos, ter moeda
para pagar as suas transações, ter moeda por precaução, e ter moeda para
especulação, por isso é que as pessoas têm uma demanda por moeda. Entenda bem, demanda por moeda é desejar ter
dinheiro em sua posse para usá-lo quando
precisar, esse dinheiro não está sendo usado em nada, quando você o usa, deixa
de ser demanda por moeda! Se esse dinheiro não está sendo usado em nada, onde
ele está? Está na forma de notas ou moedas metálicas e em depósitos à vista nos
bancos comerciais.
Desse total uma parte é demanda
por moeda pelo motivo especulação.
Quanto? Não se sabe, não existe essa medição, mas é fácil entender por que se
guarda dinheiro para especulação. É que o futuro é incerto, e a taxa de juros
pode aumentar no futuro, então, o cara prefere ficar líquido no presente, ou
seja, reter moeda, aguardando a subida
da taxa de juros. No total, a moeda
retida pelos três motivos, formam a demanda por moeda, a procura da economia
por moeda. Mas, e o resto da renda que não
foi gasta em consumo, onde estará essa parcela, se não está na procura por
moeda? Está na procura por quase-moeda, mas não é moeda. E o que me permite
dizer que depósitos a prazo, poupança, letras financeiras não são moeda, são
quase-moeda? É o fato de que não são meios de pagamento, não estão disponíveis
como meios de pagamento, apenas moeda manual e depósitos a vista são moeda, é
com eles que se pagam as compras.
Por que motivo alguém prefere
aguardar o futuro com moeda no bolso(preferência pela liquidez) esperando que a
taxa de juros vá aumentar, ao invés de já aplicar em títulos no presente, mesmo
com taxas de juros menores? Não é melhor um pássaro na mão do que dois pássaros
voando? Em economia monetária não! É que todas as vezes que a taxa de juros se
eleva, quem está investido a taxas de
juros menores perde, por duas razões, primeiro porque todo mundo que fez
investimentos após o aumento da taxa estará investido com rendimentos maiores ,
menos ele, o que já estava investido, e segundo, porque com a elevação das
taxas o valor dos títulos decresce, o cara
não consegue vender seus títulos ao preço que ele os comprou, mas
somente a preços menores, para que compense aos investidores obter as novas
taxas que foram elevadas! Não se esqueça
nunca dessa regra: a taxa de juros aumentou, então o valor dos títulos
diminuiu!
Qual a conclusão? A conclusão é o
que move a economia! É que, se os agentes econômicos esperam que as taxas de
juros vão se elevar, aumenta a demanda por moeda para especulação, as pessoas
vão reter mais dinheiro! E daí? Daí, que falta dinheiro para títulos no
presente! E daí? Daí que a taxa de juros se eleva no presente! Então, você vê o
que fazem as expectativas, as taxas de juros se elevam porque esperava-se que
elas se elevassem! É uma cadeia de acontecimentos!
O processo inverso também se dá,
se a expectativa é de que as taxas de juros vão cair, decresce a demanda por
moeda, que vai para a procura de títulos antes que as taxas de juros caiam, e
isso provoca queda da taxa de juros, dinheiro demais se oferecendo para títulos.
Com a queda das taxas aumenta o valor dos títulos. Você viu, reparou qual é a
palavra chave? Expectativas. Expectativas movem montanhas!
Mas, e os economistas, o que
podem contra esse estado de coisas? Como não conversamos ainda sobre a oferta
de moeda, não sabemos ainda o que é bom ou ruim nesse “estado de coisas”! Isso
é apenas a demanda por moeda, mas os economistas podem atuar na oferta da
moeda, quem oferta moeda é o Banco Central, e um banco central não pode errar,
seus erros podem gerar desemprego, inflação, crises na produção, lembra dos EUA
na década de 30? A taxa de juros resulta
do confronto entre a demanda por moeda e
a oferta por moeda. Vamos tratar da
oferta de moeda aí pela frente, aqui no
Economeditando, mas antes precisamos saber,
como é medida a moeda?
Ivan Siqueira