11 de janeiro de 2014

48 - A teoria do capital-trabalho

(Ivan Siqueira)

A teoria do capital-trabalho não existe, mas pode estar nascendo aqui! Num passado não muito distante, a esquerda e a direita se degladiaram, a primeira desejando exterminar o capitalismo, a outra o enaltecendo e mostrando que a vantagem do capitalismo é exatamente o valor do capital e sua mobilidade, o capital vai pra onde ele quer, cobra lucros e juros por seu valor, só tem vantagens!

Esses conceitos sobre esquerda, direita, socialismo, neoliberalismo, são conceitos ultrapassados, o que nos importa é descobrir um sistema que seja o melhor para todos, o nome, quem quiser que dê mais tarde. Em uma teoria que venho pensando como alternativa, a denominei de teoria do capital-trabalho, e,  a idéia é bem simples, é que, assim como o capital tem um valor e é remunerado pelo valor que tem, da mesma forma o trabalho deveria ter um valor e ser remunerado pelo valor que tem! Para o sistema capitalista vigente o  “lucro do capital” é algo legítimo e corresponde a renda do capital, assim, deveria também haver um “lucro do trabalho” que representasse a renda do trabalho! Mas, você pode estar aí se perguntando, e os salários? Os salários seriam extintos, coisa do passado, no novo sistema os salários seriam substituídos pelo “lucro do trabalho”, é como se os trabalhadores concordassem plenamente com o capitalismo, mas dissessem, nós também temos um capital a oferecer: nosso trabalho! Vamos fazer um capitalismo pra valer?
Mas, como seria estabelecido o valor do capital-trabalho? Cada trabalhador, seja ele um operário, um chefe de setor, um gerente de operações, ou qualquer outro nível que o funcionário tivesse em uma empresa, cada trabalhador teria um valor associado a ele, que indicaria o quanto ele vale, como acontecesse com os jogadores de futebol, só que a empresa não pagaria esse valor, o trabalhador seria como um empréstimo que a empresa faria, onde o valor do empréstimo fosse o valor daquele trabalhador, a quem a empresa remuneraria através de uma taxa percentual sobre o seu valor, exatamente como uma empresa remunera o capital dos sócios através da distribuição de dividendos, ou quando uma empresa precisa de recursos, vende debêntures e paga juros por esse empréstimo, ou como um banco que remunera a um investidor que compra um título dele como um CDB. Em todos esses exemplos que eu dei são uma empresa pegando empréstimos.  Assim, nesse sistema do capital-trabalho, o valor de um trabalhador seria também como um empréstimo feito pela empresa, ao qual ela pagaria mensalmente por uma espécie de taxa de juros. Nada mais justo do que ser justo, pela primeira vez o capitalismo seria capitalismo mesmo, com dois tipos de capital: capital-capital e capital-trabalho!

O valor de cada trabalhador seria um valor individual, assim, um operário poderia valer, por exemplo, R$100.000,00, mas um outro operário poderia valer R$130.000,00 ou apenas R$85.000,00, isso vai depender da produtividade do trabalho de cada um.
 Suponha uma empresa com um capital-capital no valor de R$140 milhões e capital-trabalho no valor de R$60 milhões, ao final do exercício o lucro líquido seria distribuído  em dividendos para os dois grupos baseado em proporções criteriosas, a ser discutido mais a frente.  Não pense, internauta, que isso é o mesmo que “participação nos lucros”, esse sistema que algumas empresas já adotam, não é, é diferente porque o trabalhador teria um valor imputado a ele, e assim, o conjunto da força de trabalho de uma empresa representaria um capital que a empresa teria investido em trabalho, a que deveria remunerar. É como se a empresa fizesse dois investimentos, um em capital fixo, máquinas, equipamentos, instalações, e e outro em capital trabalho, ou seja , na “compra” de seus funcionários.  Só que, a empresa não pagou efetivamente ao trabalhador por esse valor do trabalhador, não desembolsou esse dinheiro. E, como a empresa pagaria essa “compra” ? Pagaria com base em uma TJT(taxa de juros do trabalho), uma espécie de taxa de juros que daria a remuneração mensal a cada trabalhador da empresa, com base em seu valor. É como se o trabalhador fosse um empréstimo feito pela empresa, um título que rende juros, e como todo título tem um valor nominal o trabalhador também teria! E como todo título pode perder valor, o trabalhador também poderia ver seu valor diminuído, quando a TJT se elevasse. Vamos explicar melhor esse mecanismo. Todas as vezes que a taxa de juros aumenta, o valor dos títulos no mercado diminui, da mesma forma, no caso da TJT se ela se elevasse, significa que o trabalhador estaria recebendo uma maior remuneração pelo seu trabalho, mas em compensação, seu valor de mercado cairia! Cara, se é pra ser capitalismo, é pra ser capitalismo total! Nada de salário mínimo, cada trabalhador teria um valor, com base em sua produtividade, se a empresa deseja mais produtividade, que pague mais por outro trabalhador que dê essa produtividade! Mas esse trabalhador seria mais bem remunerado mensalmente, claro, ele produz mais, e a TJT seria uma função dessa produtividade!

E o que determinaria o valor de um trabalhador? O mesmo que determina o valor de qualquer outro investimento: o mercado! O que determina o valor do dólar? A disputa entre oferta e procura de dólares no mercado. O que determina o valor do barril de petróleo? A quantidade de barris que são ofertados e demandados pelo mercado. Assim, também, seria determinado o valor do trabalho. E, assim como as ações de uma empresa dão ganhos de capital quando se valorizam na bolsa de valores, a valorização da força de trabalho de uma empresa também daria ganhos de capital a empresa, ou seja , ela possui trabalhadores valorizados, que, por consequência, apresentam produtividade valorizadas pelo mercado. Por ter trabalhadores valorizados, produtivos, ela remuneraria ao trabalho proporcional a essa boa produtividade. Mas ela também venderia para outras empresas esses trabalhadores, bons trabalhadores ela venderia por bons preços, enquanto trabalhadores improdutivos ganhariam menos, mas também “valeriam” menos! Quem é que gostaria de ser improdutivo?
E o que determinaria o valor do “lucro do trabalho”, ou seja, o valor da remuneração de cada trabalhador? Seria a TJT(taxa de juros do trabalho), ou seja , aquilo que a empresa efetivamente produziu, quedas na produção, sabemos todos, diminuem o “lucro do capital”, e diminuiriam também o “lucro do trabalho”, mas ganhos de produtividade elevariam os ganhos dos dois, capital e trabalho! Um sistema perfeito, pela primeira vez trabalhadores iriam mostrar o que é trabalhar, ia ser um tal de gente desejando trabalhar sábado, domingo, feriado, trabalhar em dois turnos, os capitalistas iriam vibrar, e os trabalhadores mais ainda, e dizendo: - deixa comigo!

Nesse sistema que proponho, o do capital-trabalho, só não vale é dizer que capitalismo é coisa ruim! Como ruim, se quando uns vão bem, todos vão bem!  Manisfestações de rua? Haveriam sim, milhares de trabalhadores com suas tabuletas em punhos, e gritando, VIVA O CAPITALISMO!
Assim, até eu viro operário, com muito orgulho! Mas, por enquanto, o orgulho é  apenas de apresentar essas ideias, a da teoria do  capital-trabalho, na verdade, o que estou propondo é um novo sistema macroeconômico, mas, não faço mais do que minha obrigação! Chega de keynesianismo e suas crises eternas produzidas por bancos centrais que não funcionam! Cumpre esclarecer que meu sistema, o do capital-trabalho, está muito mais desenvolvido do que essas simples ideias aqui apresentadas ao mundo.  E eu, a disposição para levarmos essa discussão adiante. Vem mais aqui no Economeditando.

Ivan Siqueira

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