21 de dezembro de 2013

46 - Feudalismo: um quase capitalismo!


(antes leia o post 45)

Se vou falar de Idade Média? Vou sim. Mas, isso é coisa do passado, ninguém quer mais saber disso! Até pode ser, mas eu quero, porque no feudalismo estão muitas explicações para os acontecimentos de nossos dias! Por outro lado, o poder sempre usou de uma mesma estratégia: você me dá aquilo que eu te dou isso!
A escravidão não era ainda capitalismo, e a escravidão não deu certo, falei  disso no post 45. Chega a Idade Média e com ela o surgimento dos feudos. O feudo era um pedaço de terra que um senhor do feudo permitia que um servo arrendasse e explorasse, vitaliciamente, e isso era mesmo a garantia do servo, era vitalício mesmo! Se a terra era vendida, o servo e sua família iam juntos! E quem era o “senhor do feudo”, o proprietário? Não, o “senhor do feudo” também era um arrendatário de um outro senhor do feudo, que também, por sua vez, era arrendatário de outro senhor do feudo, uma cadeia, até chegar no proprietário, quase sempre a Igreja, e em menor escala, outros titulares da nobreza.

Qual era a “graça” do sistema feudal? Era, exatamente, o que se vê até os dias de hoje, o “eu te dou aquilo e você me dá isso!” O senhor do feudo dava proteção ao servo, proteção contra um sistema sanguinário, o inimigo vinha de cavalo, invadia a aldeia e com aquelas espadas de quase dois metros cortava a cabeça do aldeão e de sua família, e para “limpar” tudo, colocava fogo na aldeia! É só assistir ao filme “Príncipe Valente” com o Mel Gibson, ou outros do gênero!
Em troca dessa proteção do “Estado”(o “Estado” era o senhor do feudo, porque na Idade Média não havia um poder centralizador), o servo pagava ao senhor com dinheiro ou alimentos, além de que tinha que arar as terras do senhor antes de arar as terras do seu próprio feudo! O Brasil acaba de comprar aviões caças da Suécia, e também vai dar proteção aos seus cidadãos, claro, esperando que os cidadãos paguem seus impostos! O feudo só cresceu e mudou de nome, mas é sempre um “me dá aquilo que eu te dou isso!”

Mas, então, parece que o servo era um escravo! Não, o servo não era vendido individualmente, quem eram vendidas eram as terras, e o servo ia junto! Mas o que quer dizer a palavra servo? Vem do latim, “servus”, e quer dizer “escravo”.  Mas, existe uma grande diferença entre o sistema feudal e a escravidão, aquele, apesar de ser uma economia da oferta(produção) ainda que pré-capitalista, mas o servo gerava renda para si e sua família, e renda volta ao mercado para comprar outras coisas, ou seja, já permitia uma economia da demanda ainda que rudimentar! Você, internauta, vê a importância disso, o sistema capitalista já estava no útero, e desejava aflorar! Mas um sistema econômico necessita de um poder por trás e de uma ideologia que o garanta, é sempre uma ideologia que “consagra” as intenções de um poder. Só que haviam senhores eclesiásticos e senhores seculares(esses não eram da Igreja, eram duques, barões, etc,  e tinham interesses próprios!) Mas todos concluiram que uma diretriz mais forte deveria representar a todos. Foi aí que os senhores feudais se uniram para  criar a ética paternalista cristã.  Você já viu o que viria pela frente, vão dizer, e “provar”,  que Deus está de acordo com tudo!  
É isso, bem que dizem que se correr o bicho pega, se ficar o bicho come! Mas os caras deram com os burros n’água, porque a ética paternalista cristã era uma espécie de legitimação moral que o sistema feudal precisava, mas gerou uma contradição com o desenvolvimento do capitalismo que desejava sair do útero, e aí, criou-se o impasse! Como sair disso?

Ivan Siqueira

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