(antes leia o post 45)
Se vou falar de Idade Média? Vou sim. Mas, isso é coisa do
passado, ninguém quer mais saber disso! Até pode ser, mas eu quero, porque no
feudalismo estão muitas explicações para os acontecimentos de nossos dias! Por
outro lado, o poder sempre usou de uma mesma estratégia: você me dá aquilo que
eu te dou isso!
A escravidão não era ainda capitalismo, e a escravidão não
deu certo, falei disso no post 45. Chega
a Idade Média e com ela o surgimento dos feudos. O feudo era um pedaço de terra
que um senhor do feudo permitia que um servo arrendasse e explorasse,
vitaliciamente, e isso era mesmo a garantia do servo, era vitalício mesmo! Se a
terra era vendida, o servo e sua família iam juntos! E quem era o “senhor do
feudo”, o proprietário? Não, o “senhor do feudo” também era um arrendatário de
um outro senhor do feudo, que também, por sua vez, era arrendatário de outro
senhor do feudo, uma cadeia, até chegar no proprietário, quase sempre a Igreja,
e em menor escala, outros titulares da nobreza.
Qual era a “graça” do sistema feudal? Era, exatamente, o que
se vê até os dias de hoje, o “eu te dou aquilo e você me dá isso!” O senhor do
feudo dava proteção ao servo, proteção contra um sistema sanguinário, o inimigo
vinha de cavalo, invadia a aldeia e com aquelas espadas de quase dois metros
cortava a cabeça do aldeão e de sua família, e para “limpar” tudo, colocava
fogo na aldeia! É só assistir ao filme “Príncipe Valente” com o Mel Gibson, ou
outros do gênero!
Em troca dessa proteção do “Estado”(o “Estado” era o senhor
do feudo, porque na Idade Média não havia um poder centralizador), o servo
pagava ao senhor com dinheiro ou alimentos, além de que tinha que arar as
terras do senhor antes de arar as terras do seu próprio feudo! O Brasil acaba
de comprar aviões caças da Suécia, e também vai dar proteção aos seus
cidadãos, claro, esperando que os cidadãos paguem seus impostos! O feudo só
cresceu e mudou de nome, mas é sempre um “me dá aquilo que eu te dou isso!”
Mas, então, parece que o servo era um escravo! Não, o servo
não era vendido individualmente, quem eram vendidas eram as terras, e o servo
ia junto! Mas o que quer dizer a palavra servo? Vem do latim, “servus”, e quer
dizer “escravo”. Mas, existe uma grande
diferença entre o sistema feudal e a escravidão, aquele, apesar de ser uma
economia da oferta(produção) ainda que pré-capitalista, mas o servo gerava
renda para si e sua família, e renda volta ao mercado para comprar outras
coisas, ou seja, já permitia uma economia da demanda ainda que rudimentar!
Você, internauta, vê a importância disso, o sistema capitalista já estava no
útero, e desejava aflorar! Mas um sistema econômico necessita de um poder por
trás e de uma ideologia que o garanta, é sempre uma ideologia que “consagra”
as intenções de um poder. Só que haviam senhores eclesiásticos e senhores
seculares(esses não eram da Igreja, eram duques, barões, etc, e tinham interesses próprios!) Mas todos
concluiram que uma diretriz mais forte deveria representar a todos. Foi aí que
os senhores feudais se uniram para criar
a ética paternalista cristã. Você já viu
o que viria pela frente, vão dizer, e “provar”,
que Deus está de acordo com tudo!
É isso, bem que dizem que se correr o bicho pega, se ficar o
bicho come! Mas os caras deram com os burros n’água, porque a ética
paternalista cristã era uma espécie de legitimação moral que o sistema feudal
precisava, mas gerou uma contradição com o desenvolvimento do capitalismo que
desejava sair do útero, e aí, criou-se o impasse! Como sair disso?
Ivan Siqueira
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