A vida só evoluiu quando o homem entendeu que era preciso
desenvolver esquemas sociais, padronizar as ações, organizar, configurar a
atividade humana. Hoje usamos muito esse termo – configurar – quando nos
referimos ao computador, mas desde o início dos tempos configurar era a palavra
chave,e, até hoje é assim! Imagine um grupo de meninos que desejam jogar bola
em um campinho de futebol, digamos uns dez meninos. Eles entram no campo e simplesmente começam a jogar. Ninguém sabe
pra onde chutar a bola, de repente os dez estão chutando para um só lado, para
o mesmo gol, não existe adversário! Não vai dar certo! Mas não é assim, uma
simples pelada num campinho de um subúrbio, há uma configuração, joga-se
futebol com dois times, cada time tem um goleiro, se são dez meninos, cada
time tem cinco jogadores, o time A chuta para o gol do time B, e vice versa,
etc, funciona porque foi padronizado. Mas, quem sabe, possa se esquematizar um outro
jogo melhor do que o futebol como o conhecemos?
Agora, imagine se eu falo uma frase assim: “Pegsen ak miled
ug parcaz”! Que frase é essa, o que significa isso? Não significa nada, porque
não é uma linguagem conhecida por mais ninguém! A linguagem também é um sistema
social. Foi combinado entre as pessoas que existe um alfabeto, o alfabeto forma
sílabas, sílabas formam palavras, as palavras têm um sentido porque se referem
a coisas ou ações, etc, a linguagem permite a comunicação humana porque foi
sistematizada. Quem sabe, essa linguagem aí acima seja melhor do que as outras!
Um sistema monetário também é isso, não passa de um esquema
onde as pessoas combinaram que aceitam expressar valores econômicos e a
transacionar umas com as outras com base naquele sistema. Onde você, Ivan, quer
chegar? Quero dizer que o papel de um economista é investigar se devemos ou não
aceitar um determinado sistema monetário vigente só porque é ele o único que
temos? Não estou falando de sistemas políticos, apenas de sistema monetário.
Você sabia que existem pessoas convencidas de que os bancos centrais são a
desgraça da humanidade? Não sou eu que penso assim, mas, e se essas pessoas têm
razão? Vamos ver como é isso.
O primeiro grande impacto é entender que o sistema monetário
afeta o sistema produtivo, afeta o desemprego, afeta a inflação, afeta a
produção industrial, mas isso não é aceito por todos os economistas, é o que
chamamos de neutralidade ou não-neutralidade da moeda. Neutralidade da moeda é
acreditar que os movimentos da moeda só afetam os preços, mas não afetam o
produto real, o desemprego. Não-neutralidade é o contrário, cada vez que o
banco central atua sobre a oferta da moeda, sobre as taxas de juros, ele estará
atuando sobre a economia real. Cara, isso é sério demais! Imagine um jovem,
dezenove anos de idade, com saúde, forte, disponível ao trabalho, sentado na
calçada de sua casa em um subúrbio do Rio, desanimado, tem o semblante
triste... Você passa e pergunta a ele, “está doente, amigo?”, e ele responde,
“não, estou desempregado, o Banco Central me desempregou!”.
O rapaz nunca trabalhou no Banco Central, ele é ajudante de
caminhão, o que ele quis dizer é que a política monetária desemprega pessoas! A
verdade é que você não vai ouvir aquela frase dita por um desempregado
nunca, as pessoas não conhecem economia,
não sabem o que faz um banco central, e o poder que seus atos podem deflagrar
de coisas boas para a economia de um país mas também de verdadeiras catástrofes!
Na década de 30, a economia norte-americana foi tomada pela mais avassaladora
recessão de todos os tempos, na verdade uma depressão, o nível de desemprego
atingiu a 25% da população economicamente ativa. Um dos diagnósticos,
considerados em análise de Milton Friedman, é de que o banco central dos EUA, o
Fed, contraiu a moeda entre 1930 e 1933, quando deveria te-la expandido, e isso teria sido o que transformou em
depressão o que seria apenas uma recessão. Assim, podemos dizer que o banco
central jogou milhões de pessoas na rua, além de ter feito 15.000 bancos
falirem, não agências, bancos mesmo, e a economia ruiu!
Precisamos investigar onde está o tendão de Aquiles, temos o melhor sistema monetário que poderíamos ter? Como sabe-lo, precisamos entender como a coisa funciona, vou tratar disso, vou falando, vou falando... me pergunto, me respondo... a ciência que aprendi sempre na frente, mas minha curiosidade sempre atrás!
Ivan Siqueira
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