(Ivan Siqueira)
É muito interessante o que houve na semana que passou. A prefeitura de São Paulo decidiu restringir a circulação de caminhões por vias muito importantes da cidade, como a Marginal Tietê, em horários de pico, e os caminhoneiros, em represália, fizeram greve, reivindicaram direitos, etc., resultado: escassez de combustível nos postos, e, aí, aumento no preço da gasolina. Qual o problema? Quem quiser que pague o preço elevado, se não quiser não saia com seu carro. Parece que é só isso, mas não é, a economia é viva, tem braços, pernas e mãos, e vai a luta, e a luta tem conseqüências.
Todas as vezes que o preço de qualquer mercadoria aumenta, por escassez daquele produto, a própria escassez já está causando um desequilíbrio no mercado e na economia, basta considerar que o mercado consumia um volume X daquele produto e se vê de repente sem parte desse consumo, seja qual for a razão, não precisa ser por greve de caminhoneiros, sub-consumo gera desequilíbrio na economia, até que os mecanismos de mercado venham reequilibrar a situação, mas o problema já foi causado, e, por um encadeamento de fatos, o desequilíbrio capilarmente se estende a outros setores da economia.
Mas, isso não é tudo. Toda vez que o preço de um produto aumenta, se não há aumento de renda, o consumidor não pode comprar aquele produto na mesma quantidade que comprava antes do aumento, porque não pode gastar mais do que sua renda permite, assim, ele tem duas alternativas, ou consome menos daquele produto, o que reduz a demanda, ou alternativamente, continua comprando o mesmo volume de antes do aumento de preço, mas, obrigatoriamente, reduz sua demanda de outros produtos que ele também compra. Ou seja, não tem mágica, a renda só dá pra comprar o que ele já comprava antes do aumento de preço, assim, todo aumento de preço é uma perturbação para o mercado e para a economia como um todo, a não ser que concomitantemente haja aumento da renda, no curtíssimo prazo não há aumento de renda, se o consumidor aceita os novos preços elevados, está causando problemas na demanda de outros bens e serviços. Um grevista não sabe disso, pensa que está apenas tentando resolver sua questão particular, e o dono do posto, ao aumentar o preço do combustível escasso, não acha que esteja causando nada nem obrigando ninguém a comprar seu produto, mas a economia é mais do que isso...e se movimenta com seus mecanismos.
Assim, toda ação que faça elevar o preço de determinado produto, é francamente prejudicial a cadeia de equilíbrio, por que, ou um aumento de renda vem em socorro à manutenção dos níveis de consumo, ou o consumo global inevitavelmente vai ser reduzido. Nessa afirmação não há posicionamento ideológico ou político, é matemática simples! Uma greve que leve a escassez de uma determinada mercadoria tem um efeito apenas localizado, mas esse mesmo efeito em proporções maiores conduz a ineficiência de demanda , que tanto incomodou a Malthus, Keynes, Kalecki e outros pensadores.
Greve é mecanismo legítimo, um direito de todos, assim como são legítimas as reações da economia a uma greve, é toma lá dá cá!
Ivan Siqueira
22 de março de 2012
14 de janeiro de 2012
32 - A Economia é igual a Física
(Ivan Siqueira)
Há que se repensar tudo na vida, a não ser que as coisas andem na linha! É visível a fragilidade da economia, que já foi motivo até de piadas, uma delas diz que, se dois economistas concordam, é que um não entendeu bem os conceitos do outro!
O assunto nos remete para a dúvida de se a Economia seria, de fato, uma ciência. Bem, se não é, tem que ser! E se não é, em que ponto ela deixa de ser? É preciso investigar passo a passo, ponto por ponto, conceito por conceito, para que a fragilidade, a rachadura, seja desvendada.
Não critico a economia enquanto ciência, estou convicto de que ela é, verdadeiramente, uma ciência, chamar de “exata”, aí já são outros quinhentos. Mas, quem é ciência exata? A Matemática! Mas, quem mais? Na verdade, não existe uma ciência inteiramente exata, apenas partes de uma ciência são exatas. Com a Economia, acontece exatamente o mesmo, por exemplo, a lei da oferta e da procura é exata. Mas, o que nos diz essa lei? Nos diz que a preços maiores do que o preço de equilíbrio, a oferta é maior, mas a procura é menor, o que traz os preços caírem de volta ao equilíbrio. Da mesma forma, a preços menores do que o preço de equilíbrio, a procura é maior, mas a oferta é menor, o que faz os preços subirem até o preço de equilíbrio. Isto é tão exato como uma lei da física que diz que “a força necessária para acelerar um corpo é diretamente proporcional a sua massa”, segunda lei de Newton.
Mas, a pergunta que Newton deve ter feito a si mesmo, pode ter sido: mas em que condições? Sei lá se Newton se perguntou sobre isso! O que sabemos atualmente é que as leis da Física podem não ser tão exatas quanto se imaginava. Novos dados analisados pelos telescópios Hawai Keck e Chile Extremely Large podem mudar todo o conceito de leis da Física, a partir desses dados há de se considerar de que ponto do Universo estamos nos referindo, e a Teoria Geral da Relatividade, formulada por Albert Einsten, ameaça a Física de ser considerada ciência não exata, essas novas descobertas remetem a que as leis da Física podem ser diferentes dependendo do ponto em que você está no Universo! Erraram os físicos? Não, apenas deixaram de observar certas condições!
E a Economia, o que tem há ver com isso? Tem tudo há ver. Em qualquer ciência há de se considerar as condições “ceteris paribus”, ou seja, tudo o mais sendo considerado à parte. Sim, jamais existirá uma ciência que desconsidere a condição “ceteris paribus”, seria o primeiro erro da ciência! Assim, até a lei da oferta e da procura é frágil, se não lhe impomos certas condições. O papel de um economista é ter uma questão sob análise científica, mas sem perder de vista a questão mais fundamental, e tal como os físicos se perguntar: em que “universo” estamos?
Há que se repensar tudo na vida, a não ser que as coisas andem na linha! É visível a fragilidade da economia, que já foi motivo até de piadas, uma delas diz que, se dois economistas concordam, é que um não entendeu bem os conceitos do outro!
O assunto nos remete para a dúvida de se a Economia seria, de fato, uma ciência. Bem, se não é, tem que ser! E se não é, em que ponto ela deixa de ser? É preciso investigar passo a passo, ponto por ponto, conceito por conceito, para que a fragilidade, a rachadura, seja desvendada.
Não critico a economia enquanto ciência, estou convicto de que ela é, verdadeiramente, uma ciência, chamar de “exata”, aí já são outros quinhentos. Mas, quem é ciência exata? A Matemática! Mas, quem mais? Na verdade, não existe uma ciência inteiramente exata, apenas partes de uma ciência são exatas. Com a Economia, acontece exatamente o mesmo, por exemplo, a lei da oferta e da procura é exata. Mas, o que nos diz essa lei? Nos diz que a preços maiores do que o preço de equilíbrio, a oferta é maior, mas a procura é menor, o que traz os preços caírem de volta ao equilíbrio. Da mesma forma, a preços menores do que o preço de equilíbrio, a procura é maior, mas a oferta é menor, o que faz os preços subirem até o preço de equilíbrio. Isto é tão exato como uma lei da física que diz que “a força necessária para acelerar um corpo é diretamente proporcional a sua massa”, segunda lei de Newton.
Mas, a pergunta que Newton deve ter feito a si mesmo, pode ter sido: mas em que condições? Sei lá se Newton se perguntou sobre isso! O que sabemos atualmente é que as leis da Física podem não ser tão exatas quanto se imaginava. Novos dados analisados pelos telescópios Hawai Keck e Chile Extremely Large podem mudar todo o conceito de leis da Física, a partir desses dados há de se considerar de que ponto do Universo estamos nos referindo, e a Teoria Geral da Relatividade, formulada por Albert Einsten, ameaça a Física de ser considerada ciência não exata, essas novas descobertas remetem a que as leis da Física podem ser diferentes dependendo do ponto em que você está no Universo! Erraram os físicos? Não, apenas deixaram de observar certas condições!
E a Economia, o que tem há ver com isso? Tem tudo há ver. Em qualquer ciência há de se considerar as condições “ceteris paribus”, ou seja, tudo o mais sendo considerado à parte. Sim, jamais existirá uma ciência que desconsidere a condição “ceteris paribus”, seria o primeiro erro da ciência! Assim, até a lei da oferta e da procura é frágil, se não lhe impomos certas condições. O papel de um economista é ter uma questão sob análise científica, mas sem perder de vista a questão mais fundamental, e tal como os físicos se perguntar: em que “universo” estamos?
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